Por Luciano de Paula Lourenço
COMO VIVEM OS SALVOS
1 João 2:6 : ” aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou”.
INTRODUÇÃO
Viver como salvo é viver de modo distinto dos demais homens. Pela Bíblia sabemos haver um padrão ético que deve ser observado por todo aquele que quiser viver como salvo. Nenhum crente salvo, filho de Deus, integrante do Reino de Deus aqui na terra, do qual é embaixador, poderá pensar ser possível viver de qualquer maneira. Seria triste engano pensar que o Rei Jesus poderia reconhecer como seu embaixador alguém que não pensasse como ele pensa, que não agisse como ele próprio agiria, que não falasse como ele falou. De um embaixador se requer estar plenamente afinado com aquele soberano, ou governante que ele representa. Somos embaixadores de Cristo.
I – CONDIÇÃO BASICA PARA VIVER COMO SALVO
“Andemos honestamente, como de dia, não em glutonaria, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e invejas”(Rm 13:13). “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2). Diríamos que para viver como salvo só existe uma condição: Ser Salvo.
Para viver como salvo não basta, apenas dizer que agora “sou crente”, ou como muitos estão preferindo dizer: “agora sou Evangélico”. Isto pode significar, tão somente, uma mudança de religião. Esta pode ser a causa pela qual muitos dos que se dizem “crentes” não conseguem viver como salvos, ou seja, não conseguem ter um testemunho de Cristão. Isto, porque, não são salvos. Mudaram de Religião.Agora são membros de uma denominação que se diz evangélica, porém, não tiveram uma experiência de conversão, não experimentaram o Novo Nascimento, ou a Regeneração. Assim, para estas pessoas as coisas velhas não passaram, e nada se fez novo, como deve acontecer na vida daqueles que sofreram uma verdadeira transformação através do Novo Nascimento. Para estes o Apóstolo Paulo diz :“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”( II Co 5:17).
Uma nova criatura – uma nova maneira de viver - Perceba que Paulo diz : “Assim que, se alguém está em Cristo”, e não se alguém está numa Igreja Evangélica. Em qualquer Igreja Evangélica é possível entrar, ou tornar-se membro, através do batismo nas águas, mas, para alguém estar “em Cristo” é somente através do batismo em Cristo. O Batismo nas águas é feito pelo homem, mas, o Batismo em Cristo só pode ser feito pelo Espírito Santo, conforme escreveu Paulo à Igreja de Corinto: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo...”(I Co 12:13). Este “um corpo” não fala de denominação evangélica, mas, sim, da Igreja Mística (Universal), do Corpo de Cristo, onde existe, somente, crentes Salvos.
É neste mesmo sentido que Paulo escreve aos Gálatas: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo”(Gl 3:28). Estar revestidos de Cristo tem o mesmo significado de “Estar em Cristo”. Isto, biblicamente, só é possível através do Novo Nascimento(Jo 3:3).
II - VIRTUDES QUE ACOMPANHAM AQUELES QUE VIVEM COMO SALVOS.
1 – Os Salvos vivem em Amor - “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei”(Rm 13: 8). “O amor não faz mal ao próximo...”(Rm 13:10).
O amor, um distintivo dos salvos – foi o Senhor Jesus quem estabeleceu uma maneira de identificar os seus discípulos. É claro que todo aquele que é salvo, é, também, discípulo de Jesus. Segundo Jesus o salvo pode ser identificado pelo seu viver em amor – “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(João 13:35).
Os crentes salvos da Igreja Primitiva, bem como os crentes salvos da Igreja de hoje, foram e são ensinados a viver em amor, de acordo com os ensinos:
a) De Jesus: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também uns aos outros vos ameis” ( João 13:34).
b) Do Apóstolo Paulo: “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal a apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”(Ro 12:9-10).
c) Do Apóstolo João: “Meus filhinhos, não amemos de palavras, nem de língua, mas por obra e em verdade”(I João 3:18). “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos...”(I João 3:14).
d) Do Apóstolo Pedro: “...amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro”(I Pedro 1:22).
Portanto, o amor era uma das características que identificava os cristãos primitivos e uma das maneiras de diferenciá-los dos pagãos.
O amor continua sendo, hoje, uma das maneiras de identificar os crentes que estão vivendo como salvos. Para viver como salvo é necessário viver em amor.
2 – Os Salvos vivem em Santidade - Viver em Santidade deve ser uma das características dos crentes salvos, porquanto esta é uma das exigências de Deus – “como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”(I Pedro 1:14-16). Sempre falo aos alunos da EBD que a Salvação é um edifico em que a Santidade é seu principal esteio (coluna). Sem esta coluna o edifício cai, desmorona.
Na Igreja Primitiva os Cristãos eram ensinados a viver entre os pagãos, andando de forma diferente da deles; eram ensinados a viver no mundo, não deixando que o mundo vivesse neles. Hoje, certamente, não é diferente. Deve-se observar o ensino de Paulo: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo”(Fp 2:15). Portanto, para viver como Salvo é necessário o viver em Santidade.
3 – Os Salvos vivem em União - A união é uma das características que identifica os que vivem como salvos. O Senhor Jesus Cristo em sua oração sacerdotal deixou claro o seu desejo de como ele gostaria que fosse a maneira de viver dos salvos. Orando ao Pai, ele pediu: “Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade...”(João 17:20-23). Percebe-se nesta Oração de Jesus o seu ardente desejo de que a união seja uma realidade na vida de todos e de cada um dos seus servos. Biblicamente, não é possível andar como salvos sem que haja União. Não havendo em União, não há Amor; não havendo Amor não seremos crentes salvos. Divisões, contendas, não fica bem entre irmãos que querem viver como salvos. Recorde o Cântico de Davi: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre”(Sl 133).
A Bíblia nos informa em Atos 4:32 que uma das características que identificava os salvos da Igreja Primitiva era a União: “E era um o coração e a alma dos que criam...”(Atos 4:32). Portanto, para viver como salvo é necessário viver em união.
4 – Os Salvos vivem em Honestidade - “Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja”(Rm 13:13).
Os crentes salvos da Igreja Primitiva, bem como os crentes salvos da Igreja de hoje, foram e são ensinados a viver em honestidade - O Apóstolo Pedro ensinava: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios...”(I Pedro 2:11-12).
Ser um cidadão honesto significa ser uma pessoa confiável, que tem zelo pelo seu nome e pela sua palavra. Para a Bíblia um bom nome é considerado algo muito precioso – “Mais, digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas...”( Pv 22:1).
Ser honesto está no rol das virtudes necessárias para alguém que “deseja o episcopado” - “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar”(I Tm 3:2).
Que bom poder tratar de negócios com um Obreiro, comprar e vender para ele; ouvi-lo pregar e saber que se pode confiar em tudo que ele está falando, pois, biblicamente, um Obreiro tem que ser um homem confiável, porque ele é um salvo.
Em I Coríntios 8:21 Paulo está falando como Obreiro e fazendo referencia a si próprio quando diz: “Pois zelamos o que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens”. Paulo não apenas tinha um viver honesto como ensinava aos irmãos a procurarem as coisas honestas – “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens”(Rm 12:17). Certamente que todos gostavam de negociar com os cristãos, de vender para os cristãos, de fazer e de dar serviços para um Cristão. O Cristão era confiável. Cristão era, e, certamente, continua sendo confiável, pois, vivia e ainda vive em Honestidade. Crente que vive como salvo não aceita seu nome na sarjeta. Ele aprendeu com Jesus e cumpre a sua palavra no sentido de que “seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna”(Mt 5:37). Portanto, para viver como salvo é preciso viver em honestidade.
5 – O Salvo vive com Humildade - “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração...”(Mt 11:29).
Humildade é uma condição necessária para todo aquele que quer viver como salvo. Os Cristãos primitivos foram ensinados que o orgulho, a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “...Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes...”(Tiago 4:6). Neste mesmo sentido ensinou, também, o Apóstolo Pedro, dizendo: “...revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”(I Pedro 5:5).
Ainda sobre a humildade escreveu Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”(Fp 2:3).
Pelo que se pode observar, entre os crentes da Igreja primitiva não havia sentimentos de grandeza, orgulho, soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” (Atos 4:32).
Portanto, para andar como salvo é necessário andar em humildade. Contudo, existem muitas idéias erradas sobre o verdadeiro sentido da humildade. Assim, para que o crente sinta firmeza no seu andar como salvo vamos considerar o que não é humildade.
5.1 – Humildade não é pobreza - Normalmente quando alguém quer se referir a um irmão muito pobre costuma-se dizer “é um irmão muito humildezinho”. Porém, nem todo pobre é humilde, bem como nem todo rico é soberbo, ou orgulhoso.
Existem pobres revoltados pelo simples fato de serem pobres. Não se conformam, têm inveja dos ricos. Humildade e inveja são dois sentimentos que não podem habitar juntos. A presença de um elimina o outro. Portanto, ser pobre não significa estar vivendo como salvo. Por outro lado, muitos ricos, no passado, e no presente, andaram e estão andando como salvos. Se é verdade, e é verdade, que a pobreza não leva ninguém para o céu, também é verdade que a riqueza não leva ninguém para o inferno. A Bíblia não condena o fato de alguém ser rico, o que ela condena é o amor ao dinheiro( I Tm 6:10).
5.2 – Humildade não é ausência de cultura - Costuma-se dizer: “aquele irmão é muito humilde, nem ler ele sabe”. Todavia, para ser orgulhoso, altivo, soberbo, não precisa saber ler. Nem todo analfabeto é humilde e nem todo letrado e sábio tem que ser altivo e soberbo. Por certo que temos muitos Obreiros, especialmente dos mais antigos, que não tiveram o privilégio de cursar nem o primeiro grau, porém, um grande número de crentes que foram ganhos por eles está vivendo como salvos. Por outro lado existe uma nova geração de Obreiros que possuem vários diplomas de curso superior, são muito culto, escritores, porém muitos destes deixaram a verdadeira humildade, por isso correm o risco de nem estar vivendo como Salvos.
5.3 – Humildade não significa falta de autoridade - Viver como Salvo não significa ser bobo, deixar-se enganar. Humildade não anula direitos. O crente humilde e que vive como salvo pode, em algum momento, julgar conveniente abrir mão de algum direito, mas, isto ele o faz de forma consciente, porque, às vezes, o perder é melhor do que o ganhar. Mas, são atitudes de grandeza espiritual e não incapacidade para fazer valer seus direitos, sua autoridade.
Paulo era humilde, estava vivendo como salvo, porém, confessou que “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios, chegar a salvar alguns”(I Co 9:32). Não era, pois, uma questão de fraqueza.
Professor que se julga muito humilde, não mantendo a ordem na sala de aula, não é um professor humilde, mas, um professor sem autoridade.
Pais que se julgam muito humilde e que por isto deixam os filhos fazer o que quiserem, não são pais humildes, mas, são pais sem autoridade.
Obreiro que por se considerar muito humilde deixa o mundo e o pecado invadirem a “sua” Igreja por não querer se indispor com ninguém pode não ser humilde, mas, sim, falta de autoridade de Deus em sua vida.
5.4 – Humildade não é aparência exterior - Viver como Salvo não é necessário ter cara e nem jeito de “coitado”. Não é pela aparência exterior que identificamos uma pessoa humilde, um crente que esteja vivendo como salvo. “Ele é muito humilde, não liga para nada, anda mal vestido, não tem vaidade”. Isto pode ser desleixo, falta de higiene, mau gosto no vestir. Humildade não é alimentar-se e vestir-se mal, podendo alimentar-se e vestir-se bem.
Humildade não é ter um carro velho, podendo ter um novo.
Humildade não é morar num barraco, podendo morar numa casa confortável.
Quando o crente não pode ter o que é bom e Deus ainda não lhe quis dar, então ele segue vivendo como salvo e dando glórias a Deus. Porém, quando o crente pode ter todo o conforto e regalias, então ele faz uso de seus bens materiais, segue sendo grato a Deus, vivendo como salvo e dando glórias a Deus.
Portanto, a verdadeira humildade manifesta-se de dentro para fora, não é, apenas, aparência exterior.
Para viver como salvo é preciso viver em humildade.
CONCLUSÃO
Ninguém poderá viver como salvo, ou como um crente fiel, sem o Novo Nascimento, pois, o padrão ético do Reino de Deus não pode ser vivido pelo homem natural.
Este viver – viver como Salvo – só é possível para aquele que, pelo Novo Nascimento, se torna filho de Deus e, portanto, participante da Natureza Divina, pois, é, agora, filho, conforme afirma o Apóstolo João – “Amados, agora somos filhos de Deus...”(I João 3:2).
O filho de Deus, o crente salvo, evita o pecado não pelo fato de ser proibido, mas, porque o homem novo, ou a sua nova natureza, sob o controle do Espírito de Deus, opera nele uma rejeição pelo pecado.
Podemos afirmar com muita segurança que somente os filhos de Deus, aqueles que tiveram uma experiência real de conversão, ou aqueles que passaram pelo Novo Nascimento, é que podem viver como Salvos.
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Luciano de Paula Lourenço – Prof EBD – E-mail: luloure@yahoo.com.br