Por Pr. Josué Gonçalves
Recasamentos e famílias misturadas
Enquanto nos afastamos do entendimento tradicional dos papeis e responsabilidades dos pais, é provável que a igreja se torne a última maior instituição a advogar em favor do modelo convencional de família.
O foco central da nossa reflexão é a família e pensar em família, é pensar no mais sublime projeto de Deus para a vida do homem. Esse grau de importância da família, deve se ao fato de ela ser a base de todas as relações interpessoais onde as soluções ou os problemas que afetam a ordem social são determinadas. Um dos maiores desafios neste novo milênio, é preservar a unidade da família em meio a uma guerra onde forças (influências) contrárias que pressionam dentro e fora, visando sempre a sua destruição. Esta é uma realidade que não podemos ignorar e que precisa ser confrontada principalmente pela igreja, a coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3:15). O apóstolo Paulo ao escrever a sua última carta canônica ao seu filho na fé, Timóteo, disse: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural,, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus..." (2 Tm 3:1-4).
A família e a modernidade no Novo Milênio.
O instrumento mais poderoso dentro da modernidade tecnológica neste novo milênio, quando se discute sobre influência positiva ou negativa na família, é a mídia televisiva. Nossos avós jamais poderiam imaginar, que hoje estaríamos assistindo tudo o que acontece no mundo dentro da nossa sala. Isso significa dizer que o avanço da ciência, a modernidade tecnologia trouxe para perto o que estava longe, facilitou em muitos aspectos a vida, porém, ao mesmo tempo que o avanço tecnológico trouxe para perto que estava longe, levou para longe o que estava perto. É fácil entender isso, pense em uma casa onde um filho está navegando na internet, o outro está jogando vídeo game, a filha assiste um DVD, o pai vê seu time jogar e a mãe acompanha a sua novela preferida, todos ocupam o tempo que passam em casa com esses entretenimentos. Percebam que eles estão ligados, porém como família estão desconectados. É nessa brecha que o grande adversário da família tem tido acesso livre para vulnerabilizá-la. Além do tempo excessivo que a família gasta diante da TV, temos que admitir que a qualidade dos programas em termos educacionais em nosso país, é da pior qualidade. Se nós somos resultado daquilo que vemos, pergunto: O que será de uma sociedade que na sua maioria faz a opção por programas estão saturados de mentiras, adultérios, que estimulam a infidelidade, ocultismo, feiticismo, satanismo, violência e tudo o que se pode pensar de anti-Deus. A influência negativa da mídia televisiva, é uma das principais causas da desestruturação da família. Se os pais não atentarem para a necessidade de estabelecer limites bem definidos no uso disciplinado da televisão em casa, com certeza, estarão facilitando a ação do diabo na vida da família (Jo 10:10).
A família e a revolução sexual no Novo Milênio.
O homossexualismo - Desde a queda (Gn 3), o homem tem navegado pelas águas apodrecidas de toda sorte de imoralidade, perversão sexual. Nunca se viu o espírito de sensualidade operar como nestes dias, onde a disseminação do erro extrapola todos os limites. Eis o grande desafio deste novo milênio, a sobrevivência da família e a manutenção dos valores estabelecidos na Bíblia, como regras de conduta diante deste espírito de sensualidade que luta para possuir vidas e destruir lares. Em algum lugar, ouvi um pregador dizer que nós estamos vivendo dias piores do que de Sodoma e Gomorra (Gn 18.20). Nunca o homossexualismo foi tão defendido, propagado e apoiado até pelos pais, como estamos assistindo hoje. As paradas "gays", tem reunido milhares de homens e mulheres com apoio até do governo ao redor do mundo. Fiquei chocado quando visitei a Bélgica e a Inglaterra, onde vi homens se beijando publicamente com uma naturalidade impressionante, o que já esta acontecendo também no Brasil.
A liberação sexual e os nossos filhos
Na revista Época n./ 206 de 29 de abril do ano 2003, a jornalista Edna Dantas, fez uma matéria com o título: "Licença Para Fazer Sexo na Casa dos Pais". Ela começa seu texto dizendo que: "uma jovem gaúcha C.K., ao fazer 18 anos não ganhou um carro, como é costume entre as famílias de classe média alta. Seu pai empresário e sua mãe cirurgiã-dentista preferiram dar-lhe algo mais útil - uma cama de casal, acompanhada da autorização para dormir em casa com o namorado". O ibope mostra que, um em cada três adolescentes de classe média, tem permissão para dormir com o namorado. Segundo uma pesquisa, nos anos 70 a primeira relação sexual ocorria aos 20 anos de idade, hoje ocorre entre os 13 e os dezesseis anos.
O que antes era abominável, pecado, vergonhoso, impróprio, indecente e reprovável, até mesmo entre os que estavam fora do contexto evangélico, hoje é tido como moderno, legal, seguro, sinal de maturidade etc. O pior disso tudo, é que muitos filhos e pais dentro da igreja evangélica, estão pensando do mesmo jeito. Estes em vez de ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5), estão sendo terra da terra e mundo do mundo. Esse é o grande desafio para família cristã no novo milênio educar os filhos na disciplina e admoestação do Senhor (Ef 6:4) preservando-os moralmente, em meio a toda essa pressão da sociedade descomprometida com princípios, onde os valores estão deturpados.
Casamento aberto
Fui convidado para dar uma palestra para um grupo de funcionárias de uma empresa, sobre Relacionamento. Quando abordei a fidelidade como base de uma relação saudável, fiquei surpreso quando as mulheres me questionaram, dizendo: Qual é o marido que não "pula a cerca" de vez enquanto? Elas estavam afirmando que não há homem fiel. Como realidade absurda do novo milênio, já existe o "casamento aberto", onde marido e mulher são livres para ter seus "casos extraconjugais", sem perder o vínculo que os une conjugalmente. A Bíblia fala do casamento como um "um jardim fechado" (Ct 4:12) e diz ao marido: "Bebe água da tua fonte, e das correntes do teu poço" (Pv 5:15). O casamento aberto é uma profanação daquilo que é sagrado e digno de honra entre todos, o matrimonio (Hb 13:4). A mensagem de Paulo, o apóstolo, escrita para a igreja em Roma, precisa ser pregado hoje: "Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e à mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem" (Rm 1.26- 32).
Divórcio e as novas famílias
É comum hoje em uma festa de família, haver o encontro de ex-marido com a ex-esposa e cada um trazendo seu novo companheiro (a) e os filhos do primeiro, segundo e as vezes do terceiro casamento. Pior ainda, é quando o pai é homossexual e traz o namorado ou a mãe a namorada. Isso não é ficção, já está acontecendo na sociedade onde o que é sagrado está sendo banalizado. A igreja precisa estar preparada para enfrentar situações como estas que vão surgir ou melhor, já estão surgindo. Lembro-me de um fato que ocorreu em uma igreja, onde o pastor se viu diante de uma situação muito delicada. Duas famílias se converteram na sua igreja, e as duas eram formadas por ex-marido e esposa, cada um trazendo seus filhos do primeiro e segundo casamento. Queiramos ou não, precisamos estar preparados para enfrentar esta realidade, que vai ser cada vez mais freqüente na igreja. A família e as drogas no Novo Milênio - A disseminação das drogas, é um dos maiores desafios para a família neste novo milênio. Drogas que no passado eram desconhecidas como o crack e outras, hoje faz parte da modernidade do mundo das drogas. A cocaína que só era usada por gente que tinha muito dinheiro e difícil de ser encontrada, hoje se compra até pela internet, por telefone, na porta ou dentro de muitas escolas. É comum ser surpreendido com garotos comprando drogas em uma esquina qualquer da cidade. Esta é uma realidade que ja saiu do controle. A maldição de Deuteronômio 28 está sobre nós: "Então o Senhor fará espantosas as tuas pragas, e as pragas de tua descendência, grandes e permanentes pragas, e enfermidades malignas e duradouras; E fará tornar sobre ti todos os males do Egito, de que tu tiveste temor, e se apegarão a ti. Também o Senhor fará vir sobre ti toda a enfermidade e toda a praga, que não está escrita no livro desta lei, até que sejas destruído"(Deut. 28:59-61).
A família e a igreja no Novo Milênio
Do ponto-de-vista religioso, a Bíblia já não tem sido mais o alimento e o balizamento para a vivência pessoal, e, por extensão, familiar, o que é mais grave. Além disso, a modernidade centraliza a sociedade no homem, e não em Deus. Como se não bastasse, perdeu-se o senso da presença de Deus. A família, sem afetividade, vivendo sob o paradigma da superficialidade, fragmentada e, agora, presume-se não mais precisar de Deus. A pergunta que se faz é: Como trazer a família ao seu devido lugar?
Pr. Josué Gonçalves
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